sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Socrates in Love – O amor sobrevive ao tempo



São muitas as histórias de romances açucarados dignos de novela das 8 na literatura japonesa, mas são poucos os títulos que apresentam alguma qualidade literária, com conteúdo suficiente para emocionar seus leitores de uma maneira que não seja apenas superficial. Felizmente, o best-seller japonês na versão mangá “Socrates in love” faz parte deste seleto grupo de romances consistentes adaptado para os quadrinhos. Baseado na obra “Sekai no Chuushin de Ai wo Sakebu” do premiado autor Kyoichi Katayama, o livro conta a história amor de dois adolescentes japoneses, que descobrem juntos a intensidade do primeiro amor, mas são inesperadamente separados por uma tragédia.As belíssimas ilustrações do mangá são da ilustradora e roteirista Kazumi Kazui. Dona de um traço sensível, porém contundente, é praticamente impossível não se emocionar com as alegrias e tristezas vividas pelos jovens Aki e Sakutarô. Segundo a ilustradora, ela mesma se comoveu ao desenhar a segunda parte do mangá, e sua emoção é facilmente perceptível em cada traço da história.Vale ressaltar que a adaptação para mangá contou com a colaboração do próprio Kyoichi Katayama, autor original da história. Por isso, o conteúdo do mangá é em sua totalidade fiel ao conteúdo do livro.

Curiosidade: Sócrates in Love é o título original que o autor deu ao livro, mas por diversas razões foi lançado com outro nome no Japão. Ele se inspirou no livro “What is Philosophy? (O que é Filosofia) no qual os autores Gilles Deleuze e Felix Guattari afirmam que “o amor é uma forma de violência que obriga as pessoas a pensarem”. Este lema pode ser percebido de diversas maneiras em quase todas as situações e dilemas vividos por Sakutarô no romance.

O Catador de Pensamentos


Autor: Monika Feth
Ilustrador: Antoni Boratynski Tradutor: Dieter Heidemann




Com texto sensível e original, O Catador de Pensamentos é um belo livro, que apesar de simples, não é apenas para crianças. Ele conta a história de um velhinho chamado Sr. Rabuja que todas as manhãs percorre as ruas recolhendo todo o tipo de pensamentos. Pensamentos bonitos, feios, barulhentos, silenciosos, inteligentes, bobos, compridos, curtos. O Sr. Rabuja planta os pensamentos, que se transformam em flores e depois saem voando, colorindo o céu. Ele faz isso para que os pensamentos se renovem e, assim, nunca deixem de existir.
Li esse livro quando cursava a 5° Série, e sua história e filosofia ainda permanecem claras em minha mente. Um livro sensível, que emociona com suas belas ilustrações, e me faz querer voltar no tempo, a cada página que viro.

Como é bom ser criança. Mesmo com 19 anos de idade.

Step One - Quem sou eu, aprendendo a ler e um gosto literário bem suspeito

Futura universitária de alguma área que provavelmente me dará muito dinheiro. Mas eu gosto mesmo é de ler. Entretanto, ninguém (infelizmente) ganha dinheiro lendo, do contrário, provavelmente eu já estaria rica. Escrever é um passatempo, e é algo que me liberta profundamente. Já escrevi de tudo, desde poesias ultra-românticas, até contos eróticos. Mas este material por diversas razões não é aproveitável. Primeiro que não fica bem pra alguém durona como eu escrever poemas românticos. Tão pouco é aceitável que uma garota virgem escreva contos eróticos. Deixemos isto para nossas autoras prostitutas, que tem emoções bem melhores para serem contadas que minha reles imaginação.
Então reservei este espaço para tentar escrever algo que não seja um diário, e comentar em poucas palavras alguns livros que me marcaram. Pode ser também que eu comente sobre algum livro que não gostei, ou que eu comente sobre o livro mais babaca da seção infantil. Confesso que meu gosto literário é bem diverso, estranho e peculiar, e acredito que isso é conseqüência dos (poucos) livros a que tive acesso quando pequena.

Aprendi a ler com 4 anos de idade, com alguém muito especial. Aprendi a ler com Deus. Quantas pessoas podem bater no peito, erguer a cabeça e dizer isso ? Meus caros, eu posso.Para ficar claro, contarei um pouco da minha história de família. Nasci em São Paulo, mas toda minha família é do interior da Bahia, somente meus pais tentavam a vida aqui. Naquele tempo, mais ou menos em 1993, não existia todo este aparato tecnológico que temos acesso hoje, que facilita tanto a comunicação com quem está longe. Minha avó não tinha orkut, minha madrinha não usava o msn, nem postava nada no twitter.Tinha telefone, mas na época da Telesp pouquíssimas pessoas podiam contar com este benefício em casa. Na verdade, telefone era um bem, como uma casa e um carro, por exemplo. E se em São Paulo era assim, imaginem no interior da Bahia. A comunicação era feita toda por carta mesmo, que era acessível e barato para as condições de nossa família. Vovó (mãe da minha mãe) nos escrevia regularmente, e eu com meus 4 aninhos de idade, mal podia conter a ansiedade quando o carteiro batia a porta e chegava mais uma cartinha escrita pelas mãos de costureira da minha vovó. Então pedia para minha mãe ler a missiva para mim. Uma, duas, dez, quantas vezes eu quisesse ela tinha que ler. Como eu adorava ouvir os elogios que minha vovó fazia para mim... Minha mãe sempre mandava aquelas fotos de escola para ela, comigo vestida de marinheira, havaiana, cowboy... E minha avó adorava, e se derretia de dengos em suas cartas. Um dia, enquanto recitava a carta em voz alta pela vigésima vez, minha mãe cansou de ler as cartas para mim. Então, com toda fé e inocência que uma criança pode ter, eu ajoelhei no chão, e implorei pro Senhor Deus (nunca chamei Deus de papai do céu) por favor me ensinar a ler, para que eu pudesse ler as cartinhas que minha vovó enviava pra mim, sem precisar atrapalhar minha mãe. Sou uma pessoa que apesar de andar por um caminho um tanto torto, acredito piamente no poder de Deus e no poder da oração, e não tenho dúvidas de que Ele escuta com carinho a oração dos pequenos. Sei que Ele me ajudou nessa, pois com 4 anos de idade, cursando o 2° estágio da pré-escola, eu estava alfabetizada. Claro que devo agradecer a minha mãe também, pois ela sentava comigo todas as tardes para fazermos juntas a leitura da Bíblia, o único livro que tínhamos em casa naquela época. Então assim, com Deus e minha mãe, eu conseguia ler as letras de forma, decorei alguns salmos da Bíblia, e ao saber da descoberta, vovó escrevia cartas só para mim, em papel colorido e letra de forma.Desconheço a idade média na qual as crianças começam a ler atualmente, mas na minha época, estar alfabetizada com 4 anos de idade podia de fato ser considerado um milagre. Na escola aonde estudava, EMEI Carlota Pereira de Queiroz, nenhuma criança sabia ler, apesar do empenho das ótimas professoras que lecionavam no pré. Nunca esquecerei das mestras Shirley Ribeiro e Adeneuza. Então, no final deste épico ano, na minha formatura do pré (não sei por qual motivo, mas só fiz 2 anos) fui convidada para ler o juramento e recitar um poema para todas as crianças da escola.Lembro-me como se fosse hoje, da sensação de subir no pequeno palco do Clube André Vidal e recitar para a jovem platéia o poema “A infância” de Olavo Bilac (o qual só voltei a encontrar no ensino médio).Essas lembranças de infância podem parecer tolas para alguns, mas para mim são muito importantes, pois todos os fatos que marcaram minha infância refletem de algum momento na pessoa que sou hoje. Coisas que eu vi quando era pequena, me fizeram mais conscientes para alguns erros, e me ajudaram a não repetir certas coisas com as quais fui obrigada a conviver durante muitos anos.

E bom, voltando a falar do meu gosto literário, tive acesso a pouca coisa quando era pequena. Meu pai apareceu um dia com um volume de Os Lusíadas, de Camões, que ele havia achado em algum lugar, mas ele tratou de dar um fim nele rapidamente, pois eu não entendia patavinas, e toda hora perguntava a ele o significado de alguma coisa. Eu sinceramente fiquei agradecida, pois aquele livro até hoje me deixa com uma sensação de analfabetismo, a mesma que senti quando tinha 5 anos e não entendia o que Camões queria dizer em sua epopéia. Ainda não estou preparada psicologicamente para ler os Lusíadas, ele ainda não me escolheu (pois são os livros que escolhem as pessoas, e não o contrário). Depois disso, comecei a ler contos do estilo Sabrina e Julia, e talvez eles tenham sido responsáveis pela imaginação insanamente romântica e erótica que eu desenvolvi anos depois. Ou talvez eles não tenham nada a ver com isso e eu seja uma libertina nata, mesmo. Acho que a única coisa decente que lia naquela época eram os lendários quadrinhos do Maurício de Souza, em pequena escala claro, mas quando ganhava um gibi novo eu lia por dias e dias seguidos, até ter certeza que havia decorado todas as falas. Minha personagem favorita era a Magali, e por alguma coincidência, tenho uma gatinha que é igual o Mingau (but it’s a girl!). Como era bom ganhar um gibi diferente! Não sei se vocês já repararam, mas o cheiro do gibi novo é uma coisa inigualável. Mas não é qualquer gibi, são apenas os do Maurício de Souza. Naquela página deve conter alguma substância alucinógena que me afeta de alguma maneira. É como uma heroína, que foi feita especialmente pra mim (será que eu consigo ficar rica imitando a Stephenie Meyer?)...
Fiquei longos anos lendo apenas gibis, salvo o conteúdo dos livros didáticos de português, que nunca devolvia os que ganhava. Por sinal, o conteúdo dos livros didáticos de português a partir da 3° série era algo notável, e fez com que eu me salvasse, e não caísse de vez na ignorância literária. Acho absurdo que estas escolas de ensino fundamental não tenham bibliotecas, nem algo parecido. Ler era algo mais parecido com castigo do que por prazer. Tínhamos que fazer uma verdadeira zona na sala pra professora nos emprestar alguns livros para sossegarmos a matraca. Enfim, graças ao rico conteúdo dos livros didáticos, recheados com os textos de José Paulo Paes, Elias José, Sergio Caparelli, além dos ótimos quadrinhos da Eva Funari, consegui conhecer alguma coisa com qualidade literária suficiente, e adequada a minha faixa de idade. Esses foram os 4 primeiros anos do ensino fundamental. Passei longos anos da minha vida sem ouvir falar, nem ler uma palavra, de Machado de Assis, Ozamu Tezuka (considero hoje seus mangás de muita qualidade, tanto escrita quanto ilustrada), ou Carlos Drummond de Andrade, estes que considero grandes mestres da literatura em geral. Anos de seca, costumo dizer, mas que foram recuperados com muito esmero nos anos seguintes, quando comecei a cursar a
5° série em outra escola. Mas esta história vai ficar pra outro dia. Espero voltar com mais alguns textos, e com a graça de Deus eu vou conseguir levar este blog pra frente.
Take Care
Beijinhos